sábado, 4 de fevereiro de 2012

O muro, por toda a parte - Ignácio de Loyola Brandão

Um dia, depois de muito pensar numa frase de hans Christoph Buch, me bateu forte certeza de que o muro não existe apenas em Berlim. Há um muro dentro das pessoas, com as dificuldades cada vez maiores de relacionamento. Muro entre o homem moderno, ilhado em seus preconceitos e sua abalada "autoridade" e domínio, e a mulher cuja a cabeça se abre e avança. Muro entre as gerações. Entre raças. Entre desenvolvidos e sub-desenvolvidos. entre socialismo e comunismo, militares e civis. Há um muro entre o nordeste brasileiro e o sul. Um espesso e intrasponível muro entre Brasília e o resto do país. Muro entre o sistema que nos governa e o povo. Muro entre favelas cariocas e os habitantes de prédios e casas. Muro em São Paulo, a cercar pessoas fichadas em seus apartamentos, protegidas por grades, circuitos internos de tevê, alarmes, guaritas, cães. Muro, por toda parte.


*Trecho do relato de viajem "O verde violentou o muro" de Ignácio de Loyola Brandão que relata o ano que passou em Berlim na época em que ainda havia o muro. Integrantes do Grupo Larvas poesia encontraram e conversaram com o escritor quando o mesmo veio à Lavras, cercado por puxa-sacos, pela imprensa e por "intelectuais", ficou com uma pulga atrás da orelha quando ficamos do início até o final da coletiva de imprensa sem fazer perguntas (quase fomos embora umas três vezes pelo nível que tava as perguntas dos presentes, mas por ele, ficamos), ele tem uma certa queda por jovens com roupas diferentes e postura questionadora. Conversamos muito e foi muito produtivo; é incrível como alguém que chega a ser considerado um dos maiores romancistas vivos da literatura brasileira mantem tão alto grau de paciência e despretenção. Perguntamos se ele não acha chato dar essas imensas entrevistas a puxadores de sacos e aguentar intelectuais e jornalistas estúpidos, e ele disse que era chato, mas depois de ter escrito obras magníficas agora tinha o poder de fazer o mais necessário, viajar palestrando e entrando em contato com a população ajudando humildemente a diminuir o enorme muro entre a população brasileira e a cultura. Fiquem com outro trecho.

Claro, tem manual

Pensam que não? pois erraram. O movimento pacifista tambem tem seu guia. Volume de 124 páginas, editado pela Rowohlt, em 1983, fornece idéias gerais a respeito do assunto, informações sobre os vários grupos, endereços, programações. Chama-se  Livro de Ação para pacifistas  e não deixa ninguem na mão.

2 comentários:

  1. Ester Helena de Oliveira4 de fevereiro de 2012 às 16:46

    o grande muro entre os avanços científicos e tecnológicos e problemas sociais e humanitários que seriam tão, tão mais facil e rapidamente resolvidos com tais tecnologias... como isso me assusta

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  2. Um grande muro entre aquilo que almejamos e o que praticamos...obrigada por este belo trecho

    Abraços

    Nana Andrade

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