segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

haiga


descascar as asas dos besouros, descascar cebolas, descascar sua coluna vértebra por vértebra

porque descascar as asas dos besouros
& depois andar de bicicleta
quando os dias são tão longos e cansados?
para quê morrer afinal?
há um bar aberto
ao lado dos vendedores ambulantes
onde tião vende legumes
& sorri sem dentes


***


estou cansado de descascar cebolas

pagar contas
& usar camisinha para vaginas frágeis.
a civilidade é epidêmica.
tenho é gosto pelo pézinho torto,
por suas espinhas
& pele temperada de suor


***


quero remediar essa tristeza

descascar sua coluna vértebra por
vértebra & passar pomada
lixar seus pés
polir suas retinas
e desentupir seu intestino a base de algodão


Poemas de Guilherme Paiffer Pelodan




Di Cavalcanti

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

haiga


GÓSTUMA - A máquina do tempo


Viagem I

No caso de 2 é o assento 2´2´2´2´2´2´2´
´´´´´´´´´´´´22´22´´´
_ Peço aos passageiros que se deem ao respeito!
"As Não", agora usual, entende-se refluxo, vide terapia, um
************* vide 2´ pulos bomba
no erro >>>>>><<<<<<
eh quando me deparei com Ó
"a vagem em pino"
,capsula
e os emuladores palatais
AAHHHHHH que delicia!!
quando moves lá, o futuro... o show-és a ocitocina
vive-se em arrastos numa linda estufa de Sobrais
com o nariz alagado

João Ventura



sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

"Na solidão daquela praça de periferia"

Ela olhou pra ele
Na solidão daquela praça de periferia.
Reparou nas lentes grossas do óculos, fora de moda.
Na gola da camisa, no pomo de Adão.
Nas mãos.
Os paralelepípedos como um quebra-cabeça.
Não sabia mais das regras de concordância.
Se as palavras agora eram definidas pela falta de hífen. Ou hímem.
Palavras continuam virgens, por mais que você as penetre, as masturbe, as mastigue.
Na fluidez do momento, queria que ele contasse suas sardas, como se fosse uma história, de ontem.
Mas, continuava quieta.
Faltava um botão na camisa de cambraia.
As coisas que desviam nossa atenção.
Levantou os cabelos pro beijo do vento; um convite, um mundo de sugestões.
Palato, céu da boca, cometas.
Baixo ventre, Baixo Guandu, Baixo Leblon.
E toda Mata Atlântica.
Em sua mente, já não havia poesia.
Periférica, sua visão.
E o barulho do mar.

Barulhos de Agosto.


Valéria Duarte
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