domingo, 21 de agosto de 2011

No povo buscamos a força - Jorge Rebelo



Não basta que seja pura
e justa
a nossa causa.
É necessário que a pureza
e a justiça
existam dentro de nós.

Dos que vieram
e conosco se aliaram
muitos traziam sombras no olhar,
motivos ocultos,
intenções estranhas.

Para alguns deles a razão da luta
era só ódio: um ódio antigo
centrado e surdo
como uma lança.

Para alguns outros era uma bolsa:
bolsa vazia (queriam enchê-la)
queriam enchê-la com coisas sujas
inconfessáveis.

Outros viemos.
Lutar p'ra nós é ver aquilo
que o povo quer
realizado.
É ter a terra onde nascemos.
É ter p'ra nós o que criamos.
Lutar p'ra nós é um destino -
é uma ponte entre a descrença
e a certeza do mundo novo.

Na mesma barca nos encontrámos.
Todos concordam - vamos lutar.
Lutar p'ra quê?
P'ra dar vazão ao ódio antigo?
P'ra encher a bolsa com o suor do povo?
Ou p'ra ganhar a liberdade
e ter p'ra nós o que criamos?

Na mesma barca nos encontrámos.
Quem há-de ser o timoneiro?

Ah as tramas que eles teceram!
Ah as lutas que ali travámos!
Mantivemo-nos firmes: no povo
buscámos a força
e a razão.

Inexoravelmente
como uma onda que ninguém trava
vencemos.
O povo tomou a direcção da barca.

Mas a lição lá está, foi aprendida:
Não basta que seja pura
e justa
a nossa causa.
É necessário que a pureza
e a justiça
existam dentro de nós.

(1971)






*Há um debate sobre a autoria desse texto, pelo qual sua divulgação se mostrou profícua em revelar. Publicamos ele como sendo de Agostinho Neto de acordo com o livro publicado pela "Editora Codecri Limitada" em 1976, Poemas de Angola, contendo apenas poemas atribuídos à Agostinho Neto. Uma leitora veio afirmar, com o que parece, grande conhecimento de causa (vide os comentários) que esse poema é na verdade de Jorge Rebelo, um Moçambicano. Ainda estamos em apuração e quaisquer informações serão valiosas.

36 comentários:

  1. Este poema não é de Agostinho Neto, é de Jorge Rebelo, um ideólogo moçambicano, e foi escrito no final da década de 60, durante a luta armada de libertação nacional. Corrijam, por favor...

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    1. O poema é sim de Agostinho Neto Jorge Rebelo apenas fez uma replica.

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    2. Opa! Quem comenta aí? Não entendi, está dizendo que Jorge Rebelo fez um poema que refere-se ao de Agostinho Neto, como na intervenção de Maria Cristiana seria interessante que trouxesse argumentos e informações editoriais, ela forneceu algumas bem convincentes...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Ei Maria Cristiana, obrigado pela contribuição. Bom, nós encontramos esse poema em um livro do Agostinho Neto, uma antologia brasileira, um que tem a apresentação do Jorge Amado. Como não me encontro com o livro agora não posso dar a referência completa. Mas enfim, algo com alguma legitimidade. Se há esse erro de autoria é o erro da edição também. Você poderia nos dar a referência dessa informação? É difícil uma publicação desse porte que trabalhou apenas poemas de Agostinho Neto cometer um erro desses, mas pode acontecer, e se puder mostrar isso para nós ficaríamos gratos. Abraços.

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  4. Desculpe, só vi agora. Conheço pessoalmente Jorge Rebelo, sei que ele é que escreveu esse poema, sou moçambicana, não tenho mais como lho provar.Parece-me interessante estar preocupado agora em provas para corrigir um erro, quando me conta que foi publicado um livro, uma antologia brasileira, em que esse trabalho de pesquisa não foi feito e fizeram um erro desse tamanho, desonesto. Nessa altura, infelizmente, não houve os 'escrúpulos' que o senhor, corretamente até, está a ter agora.... Lembro-me apenas de que vieram publicados na coleção poesia de combate, em maputo, Moçambique. Infelizmente, Agostinho Neto não está vivo há muitos anos e não lhe pode perguntar nada, mas Jorge Rebelo ainda vive, em Moçambique, e é contactável. Foi um dos guerrilheiros, no tempo da luta armada pela independência e mais tarde, depois da independência, fez parte do governo moçambicano. Será fácil, o senhor contactá-lo. Volto a lamentar que a tal antologia brasileira, 'publicação desse porte' não tenha tido os cuidados que esta página da net está a ter, mas continuando em erro..... (Como aquele poema que erradamente continuam a atribuir a Brecht e não é dele ..... tantos erros que se veem aqui pela net.... este é apenas mais um, e não será assim tão grave. Mas no tal livro, e com prefácio de Jorge Amado, é grave. Desculpe-me.

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  5. Ei Maria Cristina, veja as modificações que fizemos. Estou achando esse caso muito interessante, se fizer uma pesquisa, verá que esse poema é muito publicado em blogs pelo Brasil atribuídos à Agostinho Neto, e pelo que diz, em Angola talvez não exista esse erro. Talvez estamos nos deparando com um erro histórico suscitado por algumas publicações e depois caídas no senso comum. Achei essa questão bem pertinente e como jornalista e escritor vou tentar em contato sim com Jorge Rebelo (se tiver algum contato mais imediato mande para mim vinitobias00@yahoo.com.br) e talvez consigamos, a partir da mídia resolver esse problema crônico de atribuição errônea de um poema tão antológico dentre os poemas engajados.

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  6. Poesia de combate 2, Frelimo (capa verde), pode ver no google, não consegui copiar a fotografia para aqui.

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  7. andei à procura na net, de algo para ajudar, e vi perfeitos horrores.... veja esta página com poemas de Rebelo e uma fotografia de Samora Machel! http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/mocambique/jorge_rebelo.html
    Mas porque é que as pessoas publicam poesia se nem sabem nada dos autores nem das histórias por detrás dos poemas?! Eram os dois guerrilheiros, sim, mas um foi presidente (crê-se que assassinado na queda do seu avião na África do Sul - juntamente com alguns dos melhores), em 1986, e o outro, felizmente, ainda está vivo. Vou tentar arranjar-lhe o contacto dele, peço a uma amiga que é amiga comum.....

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  8. https://newritings.wordpress.com/2007/08/30/the-story-of-a-poem/
    Este é Jorge Rebelo, a fotografia dele.

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  9. entretanto, vou transcrever-lhe, de memória (poderá ter algumas falhas) um poema lindo de Jorge Rebelo, da década de sessenta, durante a luta armada (de libertação nacional). Ele tinha estudado em Coimbra e terá conhecido depois um senhora inglesa (ou de algum país mais a norte?!!!), a Pamela Rebelo. Ela depois juntou-se a ele nas áreas libertadas (como se chamava a zona onde viviam os guerrilheiros e onde a guerra ocorria (entre 1964 e 1974). E dedicou-lhe este poema :
    "O mundo que te ofereço, amiga / tem a beleza de um sonho construído / Aqui os homens são crentes / Não em Deus / mas em verdades puras e belas / tão belas e tão universais / que eles aceitam morrer para que elas vivam / É esta ausência de Deus, estas verdades, que tenho para te ofertar.
    Aqui a ternura não nasce nas alcovas / é uma ternura rude, violenta, amarga / nascida na dureza áspera do tempo, em caminhadas longas / em dias de espera. É esta ternura, rude e amarga, que tenho para te ofertar. Aqui não crescem rosas coloridas / o peso das botas apagou as flores pelos caminhos / aqui cresce milho, mandioca / que o esforço dos homens fez nascer / na previsão da fome. É esta ternura rude e amarga, que tenho para te ofertar. Aqui as crianças não envelhecem, o seu riso é eterno, brincam com o sol, com a chuva e os gafanhotos, com pedaços de granadas, com espingardas verdadeiras. É este rido eterno de criança, este sol, estas espingardas verdadeiras (com as quais também brinquei), que eu tenho para te ofertar.
    O mundo em que combato / tem a beleza de um sonho construído.
    É este combate, amiga, este sonho, que tenho para te ofertar. "

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Esse poema é pouco conhecido e acho que nossos leitores vão gostar de lê-lo, pois no Brasil vivemos tempos de pouca esperança no futuro e essas são palavras de fé.

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    3. Você acha de bom tom o publicarmos? Achei ele maravilhosos, caso sim confirme se não há nenhum erro e também se ele não tem título, abraços!

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    4. Enganei-me, acho, nalguns versos, o título do poema é "O mundo que te ofereço, amiga"
      O mundo que te ofereço, amiga / tem a beleza de um sonho construído / Aqui os homens são crentes / Não em Deus / mas em verdades puras e belas / tão belas e tão universais / que eles aceitam morrer para que elas vivam / É esta crença, são estas verdades, que tenho para te ofertar. (o erro era na última linha). Outro erro que vi agora: "É este riso eterno ..."
      As palavras são estas, agora não lhe posso jurar se a divisão de versos / linhas, é mesmo esta. E não tenho a certeza se falta alguma palavra em "brincam com o sol, com o vento" (lembrei-me! "brincam com o sol, com o vento / com a chuva e os gafanhotos ..." É lindo, não é?

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    5. Se quiser publicar, autoria de Jorge Rebelo, ideólogo da Frelimo, guerrilheiro durante a luta de libertação nacional, acho que poderia fazê-lo, mas com a ressalva, por favor, de que saiu de memória, e estamos a tentar ver o original.
      Escrevi ontem a Jorge Rebelo, através da minha irmã. Ele leu a mensagem e respondeu-lhe, dizendo que me há-de responder. Entretanto estamos a tentar arranjar scan do livro onde estão estes dois poemas dele. Na mensagem disse-lhe que gostaríamos muito de receber uma mensagem dele, tanto eu como a sua página (como é mesmo o seu nome?). Sei que ele leu, que apreciou o que escrevi, agora aguardemos. Mas se achar bem publicar este outro poema lindo, com aquela ressalva (de memória), por favor. Há uns poucos poemas que sei de cor, estes dois, um de Brecht, Poema a Galileu e Pedra Fisosofal de António Gedeão, .... mas só me vou lembrando de tudo depois de muita insistência, sobretudo se são longos, como o Poema a Galileu e o de Brecht "Aos que vierem depois de nós" (An die Nachgeborenen)

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    6. Poesia de Combate 2. Maputo, FRELIMO, [1977]

      Os poemas de Rebelo são:
      - Liberdade (p.48)
      - Vem contar-me o teu destino , irmão (p.53-54)
      - Carta de um combatente (p.56)
      - O mundo que te ofereço, amiga (p.57-58) - este poema de Jorge Rebelo foi escrito em 1967 (é datado)
      - Escuta a voz do povo, camarada (p.91)
      - No povo buscamos a força (p.92-93)

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    7. quado publicar posta o link aqui (e no facetruque)

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    8. por favor, Vicicius, acrescente um verso que falta ao poema 'No Povo...': «muitos traziam sombras no olhar, motivos ocultos, intenções estranhas.» os versos também não estºao na linha certa ....

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  10. Acho que dá pra ver como eu gosto deste poeta e de muitos dos seus poemas .... saíu tudo de memória. Aquele que aparece em imensas páginas da net como sendo do Agostinho Neto, também o sei de cor, sempre o soube, des 1976 quando o estudei, "No povo buscamos a força"

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  11. Muito obrigada por ter dado atenção ao que eu escrevi e pelas suas alterações. Mesmo, muito obrigada!

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    1. eu só queria dizer que me emocionei lendo esse diálogo!

      com a beleza do poema, com a sensibilidade da história e com o fato dessa contribuição espontânea acontecer envolvendo pelo menos três cantos tão distantes do mundo!!!

      que todas as nações lusófonas de todos os mundos se unam e se apoiem tendo como exemplo esse gesto singelo e maravilhosamente que está aqui!

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    2. Obrigada, Marcos! Também de emocionei lendo o seu comentário.....
      Estamos ligados, vocès aí e eu, uma luso moçambicana (portuguesa, nascida em Moçambique e sempre me dividindo entre duas pátrias) que há 17 anos anda pela Ásia (Timor, Malásia e Macau), que adora o vosso país (já aí fui 4 vezes!) e que agora vive nesta China que é Macau. Abraço para vós!

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  12. Sabe que tenho escrito para várias páginas, em relação a estes poemas e a um que não é de Brecht e aparece atribuído a ele (também gosto muito de Brecht). O poema é lindo, não sai diminuído por não ser de Brecht. o problema é que as pessoas quando o publicam como sendo de Brecht, só mostram que não conhecem absolutamente nada do que ele escreveu e das suas ideias, políticas e outras. É um poema de Martin Nimoeller, Pastor, sobrevivente de um campo de concentração e que começa "Quando os nazis levaram os comunistas, eu não me importei, eu não era comunista ...." Muitos blogs têm não só deturpado por completo os versos e as traduções, como também têm atribuído o poema a Brecht. Eu tenho escrito em várias páginas e ninguém me liga nenhuma.... A sua mensagem foi a primeira. E desculpe-me a demora em responder, é que estava naquela caixa de outras mensagens (eu não sabia) que nunca abro, e só ontem, que ia limpar tudo, a vi..... Obrigada, mais uma vez, e abraço de Macau. (vou tentar arranjar o contacto de Jorge Rebelo, para si).

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    1. Sério que esse poema não é do Brecht?! Nossa todos pensam que é, recitam ele em saraus, põe na parede em quadros, publicam em blogs e jornais! Que isso?! E como é que ocorrem esses erros crônicos de autoria, são publicações que cometem o erro ou acontece de algum estudioso achar o poema entre seus espólios sem indicação de autor e acreditar que é dele? Você poderia nos dar mais informações de como se comprova a autoria desse poema atribuído ao Brecht?

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    2. Esse poema não é de Brecht, nem poderia ser, para quem conheça um pouco dele.... eu duvidei logo que li os primeiros versos e fui informar-me ... Brecht era comunista, quando escreveu isso, era defensor dos ideias comunistas e humanistas, por isso ele nunca poderia escrever "eu não era comunista..."!!!!!!! https://www.youtube.com/watch?v=L5U5Gsl2YFI
      é de Martin Nimoeller, estou a ouvir este vídeo, deste link que lhe enviei, e vou enviar-lhe a tradução dos versos; mas não é de Brecht.....
      "Quando os nazis levaram os comunistas, eu silenciei / eu não era nenhum comunista.
      Quando eles prenderam os sociais democratas, eu silenciei / eu não era nenhum social-democrata.
      Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei / eu não era nenhum sindicalista
      Quando levaram os judeus / eu não protestei. Eu não era nenhum judeu.
      Quando me levaram já não havia ninguém que pudesse protestar."

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    3. Por favor, Dê-me o seu email, assim será mais fácil, inclusive se Jorge Rebelo lhe quiser escrever, sim? O meu é mcristianacasimiro@gmail.com

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    4. https://www.youtube.com/watch?v=wuCcdljeh_o
      Werner Hesse conversando com Martin Nimoeller, teólogo evangélico

      Descobri outra biografia interessantíssima de Nimoeller, está em inglês; ele tinha votado no Hitler!!!! e depois mudou, esteve inclusive preso, em vários campos de concentração; daí surgiu o poema, como se percebe pelos versos (levaram ...).
      https://www.youtube.com/watch?v=y6QPzjuqf8E

      mas as traduções em inglês também têm muitas alterações, não são fiéis ....https://www.youtube.com/watch?v=Ztky7r4Z_hE

      Outro link interessante em que ele é cotado como o autor, de novo (em inglês) https://www.youtube.com/watch?v=DUDp20SV8XE

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  13. ... só mais uma correçãozinha, me desculpe ...
    o título do poema é "NO povo buscamos a força" e não Do Povo ....

    Já escrevi uma mensagem a Jorge Rebelo, através da minha irma Isabel Casimiro (que ainda reside em Moçambique, que costuma ir aí várias vezes ao vosso belo país, a umas aulas e conferências - pelos intercâmbios existentes entre a Universidade Eduardo Mondlane e algumas vossas.) Logo que tenha resposta, lhe direi.

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  14. Maria Cristiana, mau e-mail é vinitobias00@yahoo.com.br. Ah, e me chamo Vinícius Tobias, prazer. Está contribuindo grandemente com conhecimentos ignorados por muitos. Muito obrigado!

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  15. "lutar para quê?" (falta o acento no Ê).
    Vinicius, agora acho que não há mais dúvidas de que o poema é mesmo de Rebelo, sim? Enviei cópias da capa e da publicação no livro, sim?
    Obrigada por este apoio às letras (de Moçambique, África e do mundo!)

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  16. Ainda faltam alguns versos e palavras, no poema .... me desculpem.....
    Acabei de receber, via email, um antologia com todos os poemas, do poeta, ele mesmo, Jorge Rebelo. Aqui transcrevo, como ele o escreveu, divisão de versos e tudo ...

    NO POVO BUSCAMOS A FORÇA

    Não basta que seja pura
    e justa
    a nossa causa.
    É necessário que a pureza
    e a justiça
    existam dentro de nós.

    Dos que vieram
    e conosco se aliaram
    muitos traziam sombras no olhar,
    motivos ocultos,
    intenções estranhas.

    Para alguns deles a razão da luta
    era só ódio: um ódio antigo
    centrado e surdo
    como uma lança.

    Para alguns outros era uma bolsa:
    bolsa vazia (queriam enchê-la)
    queriam enchê-la com coisas sujas
    inconfessáveis.

    Outros viemos.
    Lutar p'ra nós é ver aquilo
    que o povo quer
    realizado.
    É ter a terra onde nascemos.
    É ter p'ra nós o que criamos.
    Lutar p'ra nós é um destino -
    é uma ponte entre a descrença
    e a certeza do mundo novo.

    Na mesma barca nos encontrámos.
    Todos concordam - vamos lutar.
    Lutar p'ra quê?
    P'ra dar vazão ao ódio antigo?
    P'ra encher a bolsa com o suor do povo?
    Ou p'ra ganhar a liberdade
    e ter p'ra nós o que criamos?

    Na mesma barca nos encontrámos.
    Quem há-de ser o timoneiro?

    Ah as tramas que eles teceram!
    Ah as lutas que ali travámos!
    Mantivemo-nos firmes: no povo
    buscámos a força
    e a razão.

    Inexoravelmente
    como uma onda que ninguém trava
    vencemos.
    O povo tomou a direcção da barca.

    Mas a lição lá está, foi aprendida:
    Não basta que seja pura
    e justa
    a nossa causa.
    É necessário que a pureza
    e a justiça
    existam dentro de nós.

    (1971)

    Tenho mais poemas lindos, dele, se quiserem, vou partilhando ..... Abraço e boa tarde, de Macau!

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  17. Vlw Cristiana! Em breve faremos as alterações, e queremos q continue contribuindo sim, abraços!!

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