O que nos acalma
É sempre o cheiro da pólvora no ar.
Nossas pequeninas mãos
Carregam pesadas munições.
Somos os órfãos deste solo
Filhos da pátria armada, encarcerada.
Nascemos longe do centro
Crescemos no centro do caos.
Alimentamos de sobras.
dos excrementos sociais,
das culturas marginais.
Senhores,
Querem mesmo se livrar de nós?
Saiba que nós somos um erro estrutural,
Células cancerígenas de seu edifício social.
Nós perpetuamos como pulgas
Empesteamos seu colchão.
-Não há sono tranquilo-
Ouça o som seco do gatilho.
Mataremos ou morreremos pra roubar
Os sonhos que não podemos comprar.
Deem as sentenças,
Promulguem suas leis,
Seus códigos penais,
Construam seus presídios,
Acionem seus alarmes,
Levantem seus muros,
Seuas cercas elétricas,
Seus cães de guarda,
Seus guardas uniformizados
-Nada disso adiantará-
Os senhores, sem saber, sempre hão de gerar
as bestas que te mordem a jugular.
Poema de José Carlos Balieiro
Pic. Sidney Amaral, 2015
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