A Poesia Urbana é uma praga
que se alastra como as favelas
cheira à água de despejo
perturba como insônia
tem a força do tráfico
e o atrevimento dos pivetes do Brás
Não adianta fechar seus vidros elétricos
e viajar para a Glória, a baía, a linha do horizonte
pois a fome das ruas arranhará sua lataria importada
incendiará sua vitrine de magazines
Ela anda como os desprovidos
revela sem eufemismo'
as mazelas humanas
a cidade oculta
a tristeza dos chineses
a loucura reprimida dos Garis
Se cuida, turista deslumbrado
um arrastão de versos miseráveis
invadirá sua praia
sequestrará seus fetiches literários,
seus continhos fantásticos,
e estraçalhará sua poesia plástica
num tiroteio hediondo
Um conselho?
se não quiser perder a pose
corra para bem longe
esconda-se atrás dos muros da academia
dope seus jovens operários com boas doses de informação
títulos
e reproduza robôs mais fortes
o suficiente para dar conta do que você não deu
Aqui fora
as crianças continuam praticando papai e mamãe
jovens morrem com a cabeça vazia no volante
existe uma massa de carne e osso dopada de altas doses-
institucionais
escolas apodrecem
falta teatro, cinema e orgia para o povo
E você catedrático,
só preocupado com a chegada de um livro
importado
e o congresso no planeta Hermético
*pic: Lucas F.L
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