Parece entrada de texto de um site estritamente político, ou algo no gênero, e não de um grupo de poesia, né? Pois é, e o que seria desta, senão uma hipocrisia linguística quando desmembrada da política (em seu sentido amplo) e mais ainda, da prática educacional e midiática em nossa aldeia mineira e mundial?
Enfim, o fato é que, ontem, no meu primeiro dia efetivo de férias, tentando fugir da pasmaceira global dos canais abertos em geral, fui ver o que tava rolando na TV assembléia, e pá: um tanto de professores com gritos de guerra em pleno plenário, lembrando inclusive situações vivenciadas pelo movimento estudantil na UFSJ no CONSU e em outras instâncias.
(isso reforça a tese de que a questão é estrutural, ideológica e sistêmica, nos diversos níveis da política e do poder, e não pontual, como querem alguns).
Continuando:
Eu não estou acompanhando muitíssimo de perto essa história que já se arrasta desde o império Neves até o atual Anestesia, mas não dá pra entender como um governo leva por tanto tempo uma medida inconstitucional, que é a de não pagar (ou maquiar aumentos) o piso salarial nacional obrigatório
para os trabalhadores da educação. Aliás, dá pra entender, mas não sem indignação. Especialmente pela omissão da população, da mídia, do ministério público, do governo federal e de tantas outras instâncias significadas pelas seguintes reticências . . .
o pior de tudo? é observar a forma mesquinha como é feita a "política" por aqui, que mais parece um grande jogo de interesses e propaganda.
Aliás, não se fala nada sobre isso em nenhum dos espaços da imprensa no estado. Daí há o senso comum de que esse governo está ótimo, e uns ainda culpam os professores de "não querer trabalhar".
O que mais cansa, é o silêncio forçado dos instrumentos de comunicação, e consequentemente o silêncio induzido da população; pior ainda, as palmas induzidas dentro de nossa gaiola ratoeira chamada democracia liberal.
Incrível que eu procurei na internet algo sobre a participação do movimento grevista da área da educação, encabeçados pelo SINDUTE, e da área da saúde, pelo SINDSAÚDE, e não tem praticamente NADA informando da situação ocorrida, o que é sintomático do controle da mídia televisiva, impressa e inclusive virtual por parte da base governista no estado. Parabéns aos professores e profissionais da saúde que, contra a corrente, insistem na luta por seus DIREITOS de condições salariais e estruturais dignas para atuarem em suas áreas.
Muito coerente a postura do "Bloco Minas Sem Censura" (PRB - PCdoB - PMDB - PT ), que estão fazendo um embargo aos projetos do governo, até que este abra as negociações (negadas) com os educadores e profissionais da saúde.
Apesar da clara motivação de uma política oposicionista em relação à base do governo, ao menos tem alguém lá dentro para a apoiar essa luta digna, legítima e necessária.
Daí eu me pergunto: esse pessoal tá fazendo isso por acreditar nessa causa, ou por serem oposição? e se não fossem desses "partidos?". E os que não vão às reuniões que vão tratar desse tema ou vão embora para invalidar votações, ou votam contra a causa dos professores? será que eles realmente não acreditam na necessidade dessa medida, dessa mínima justiça?
Não consigo crer nisso, e não consigo crer nessa política partidária que parece partir só para repartir os pedaços do bolo do poder e do capital público, para ver com quem fica as maiores fatias.
Enquanto isso, ninguém desconfia dos donos da festa, escondidos entre os berros das bolsas e os gabinetes nos altos dos prédios espalhados nos grandes centros do mundo e das metrópoles.
Canta, torquato:
Literato cantabile
agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim
do seu início;
agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de sempre cantam
nos hospícios.
você não tem que me dizer
o número de mundo deste mundo
não tem que me mostrar
a outra face
face ao fim de tudo:
só tem que me dizer
o nome da república do fundo
o sim do fim do fim de tudo
e o tem do tempo vindo;
não tem que me mostrar
a outra mesma face ao outro mundo
(não se fala. não é permitido:
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos.
está vetado qualquer movimento.
toriquato, neto
E pra não deixar eu mentir soznho, segue o documentário "Liberdade, essa palavra", sobre a censura em MG.Vale muito a pena ver, pra tirar um pouco a viseira:
Por Igor Alves
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