Putz, logo depois de escrever o título desse post me deu a maior vontade de escrever um conto, ou poema, ou qualquer coisa sobre algo radioativo que cai no meio da podridão, afeta os vermes e os transforma em monstros-mutantes, mas não. Não vou perder os focos, essa postagem é pra difundir e comentar algo sobre minhas últimas leituras e experiências estéticas, além dum contato (como se não fosse rotina) com a contra-cultura. E se vc estranhou o título é porque é disso mesmo que eu vou falar, e ainda disponibilizar o clássico do Alan Moore, Monstro do Pântano, e o Coletivo Sociedade Mutuante que lançou a coleção Vermes poéticos e ainda dentro desse livro comentar a escrita do parceiro, poeta e catunista Podrera. Ufa.
Viagem tudo isso né? E é pra viajar memo.
Foi ano passado, mais precisamente durante a 3ª Maratona BARKAÇA, que conheci o famigerado Podrera e o achei meio esquisito. Logo conversamos e vimos que cabeça com cabeça batiam pacaralho e eu entreguei um exemplar do meu fétido fascículo de livreco xerocado "Cada no seu quadrado: onde ponho uma maçã no universo?" e ele logo me presenteou com um livrinho (este impresso) todo preto, sem nome. O livro era na verdade uma coletânia de autores: Marteleto, Assis, Aires e Nunes (esse Nunes aí é o Podrera). O livro é de mais ou menos 6X4 cm e faz parte da coleção Vermes Poéticos, da editora Sociedade Mutuante. Fiquei feliz de ter contato com a contra-cultura que se expande como uma infecção em BH, porque o que nos chega muitas vezes de lá são sarauzinhos intelectualizados, livrozinhos a serem sacralizados, porra-louquices sem noção nenhuma de social, de mudança, de mutante: tudo isso com gente apontando pro próprio umbigo e dizendo "olha como sou legal!", e só.
Se der uma sacada no blog do Sociedade Mutuante, vai ver no que eles se baseiam e tque pode nos servir de materia prima, pois estamos querendo fazer algo nesse sentido, com a cara e o umbigo...
Pelo que parece eles editam e distribuem livros, quadrinhos e zines em conjunto, fora do circuito oficial.
Pô, mas depois disso tudo caímos no livro!
As escritas dos autores representavam a mim algo incompreensível, e ele ficou jogado por cima da papelada a ser lido e relido por diversas vezes de lá até aqui (no espaço temporal).
E é aí que entra o Monstro do Pântano (Download Montro do Pântano). A leitura desse clássico do Alan Moore me fez entender um monte de coisa, não por quê disse algo, mas é porque me levou à reflexão. O Montro do Pântano pensa ser um humano que sofreu mutação por produtos químicos (em outras palavras um Monstro Mutante) mas vai descobrindo ao longo da HQ que não é um homem, é uma Planta Mutante, que absorveu a consciência de um humano, e mais pra frente descobre que tem poderes elementais, ou seja ,é um Elemental criado por magia ecológica. Logo, ELE NÃO SABE O QUE É, e pede que sua mulher o chame como as crianças o chamam: Monstro do Pântano.
Bonita a história e nada a ver com o que foi dito.
Mas com a reflexão da HQ, um dia fiquei pilhado e tomando cervejas e ouvindo Clara Crocodilo do Arrigo Barnabé. e entendi que era possivel entender o que a coleção Vermes Poéticos representava: um livro sem nome, de vários autores, com textos fantásticos e completamente inusuais (inclusive um poemão de várias páginas sobre formigas no rádio-relógio).
É que não dá pra entender: eles, como o Monstro do Pântano, não sabem o que são, e são algo tão esquisito que não dá pra sacar de fronte. Assim como tudo o que tá rolando de diferente na poesia, na nova escrita... O que podemos falar desses quatro autores, que não escrevem como antigamente, é que a sua escrita é tão confortadora àqueles que foram criados zerando jogos de video-game e tão nada pra aqueles que foram formados pela literatura catedrática, e que qualquer um que tenha esses pré-requisitos: ver muita TV e achar um lixo vai sacar o que se está falando.
No mais, sobre hoje nada mais pode ser dito, resta esperar e ver, o que os senhores historiadores vão dizer, se é que podem dizer alguma coisa, sobre coletivos de gente doida publicando poesia, até mesmo sobre essa efervecência do interior de grupos, recitais e fanzines, de gente xerocando seu trabalho e vendendo, sem encanação.
O resto, o resto é silencio. O resto é o navegador offline.
Mas de resto, deixo aqui um texto do amigo Podrera que me presenteou com esses valiosos Vermes, ver mais dele é possivel aí, no blog do Podrera .
gracias
MURDOCK
X Borg K-9 (Anthraxacino)
"(...) se o heróia combate a noite e a vence,
que nele parmaneçam seus farrapos."
(Jean Genet, Diário de um ladrão, 1949)
Em minha tônica tento sobreviver em milícias
contemporâneas que não me convêm.
Consntruindo Barricadas de vítreo em meu
âmago para não mais ser surpreendido por
invisíveis que me assolam em
Batalhas perdidas no Ócio
Armando-me contra severos sequazes de
Severinos e suas hostis Doutrinas Inacabadas.
Ludibrio sobre Falácias Guerrilhas
do supra-sumo intelectual
Sofrendo em Descampados Campos de Viril
Extermínio Virtual.
Sendo refém de virtudes eclesiásticas que
Não aprovo.
Executado, sou!
Em cotidianos, pelos caprichos de prosélitos
Demagogos condecorados com suas corroídas
medelhas de alumínio zincado.
Eboscado pelo amparo da inquietude revelada
no outro.
Sou fuzilado em campos de Desconcentração
alheia.
Em QG's utópicos me realizo
usando uma notória farda de tussor nobre
que me abriga da embriaguês
Dedém-tada da estupidez humana.
Continuo alistando-me em lutas desarmadas
para anuir-me no meu (eu).
*o Monstro do Pântano nunca soube o que é, e você sabe o que está fazendo nesse mundão de deus?
fodaaa, valeu vina, o podrera é bacana demais, a podridão dos seus escritos é tão fétida quanto densa. Outra des-elegância deste fedido mais fedido de beagá é, dentre peripécias mais, ser affair do velho Buk.
ResponderExcluirSalve Salve, um viva de poesia para eles!!!
E ai Brou! Cara, que felicidade é saber que os vermes ainda estão se contorcendo no meio underground! Esse livreto-pupa reuniu 4 larvas distintas numa mesma crisálida e foi o primeiro ovo da Sociedade Mutuante. Em nome dos marginais que compõe esse bolor literário, agradeço tua homenagem aqui postada! Abraços podres!!! Para não perder o costume deixo um poema do Velho Safado para reflexões malditas.
ResponderExcluir"Tudo que era mau atraía-me:
Gostava de beber,
era preguiçoso,
não defendia nenhum deus,
nenhuma opinião política,
nenhuma ideia,
nenhum ideal.
Eu estava instalado no vazio,
na inexistência
e aceitava isso.
Tudo isso fazia de mim uma pessoa desinteressante.
Mas eu não queria ser interessante,
era muito difícil."
Charles Bukowski.
hahhaha
ResponderExcluirO Buk é doido demais!!!
véio e como tá remechendo já li e reli aquele livreto um monte de vez e piro cada vez mais.
Todo mundo pra quem passei curte tbm...
vamo que vamo que o novohorizonte tá surgindo
abraços!!!
opa!
ResponderExcluirtambém piro nesse poema do podrex. eu e uma amiga já até fizemos uma música com ele. ficou bem maluca! a música, não a amiga.
faço dos agradecimentos do podrera os meus.
grande abraço!