quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Duração da poesia

Primeira idade

conversar com as plantas
sentir o cheiro do sol
comer a cor das centopeias com os olhos
ler conto de nada

Segunda idade

ver a matemática na calculadora
a alma penada no corpo
as pegadas de um semelhante
a escuridão do haver esgotado-se

Terceira idade

lanternas acessas solitárias
Asilo com velha jornada
a voz dos dicionários
o corte no ventre das palavras: parto
chorinho.

Clélio Souza

do Zine
A cara que eu dei pra porrada!

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