não deixar escapar mais nada. devorar ninguém vai entender isso. ninguém vai entender que eu ponha o mesmo disco duas, três e ontem à tarde mais de cinquenta vezes seguidas e vou escutando. é assim que eu quero. sem essa de não ouvir o disco. o lado ouvir o disco: essa varanda essa ciranda quem me deu foi lia. a letra mais triste que eu já ouvi numa música, não conheço nada tão triste. vou escutando. e vou guardando para a frente, não sei em que vou dar, não posso dizer que não quero saber, mas não sei. em verdade estou num pânico medonho, estou guardando demais, onde fica a saída? fazer um pum de revista e poder balançar o dedo. não quero nem saber, rosa murcha é a puta que pariu. e não tem primavera não, é estrume. na minha terra com estrume rosa dá melhor. e mesmo sem essa de rosa: estou guardando as coisas, escuto o disco, quero ver onde vou parar. isso é sério. quero tudo com orquestra, a barulheira toda organizada, domingo no parque. a day in the life. não posso ficar trancado a vida inteira. vou dar um pum de revista, passear por aí estampado. vinha pensando na rua: assim não é possível. usar a cabeça e as mãos e usar os pés e o pau. lennie dale. tornei-me um ébrio do que deve ser louvado, agora chega. bandolim, e ela nem chega na janela. agora chega. processo no marconi. processo no gil. pró-nimim, que não é mais possível. depois arrebento: filmo ana com são-paulo, faço o meu pum.
Torquato, neto
1968- SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário