sábado, 21 de maio de 2011

Dois poemas larvenses para apresentação


Primavera de Pragas

No fim do inverno não há flores
Mas as folhas, um pouco fustigadas pelo frio
Estão verdes como pérolas
                                 [se as pérolas fossem verdes


Eu as vezes costumo subir em um lugar alto
E olhar as edificações construídas pelo homem
Luzes de cidades vistas do alto de um lugar alto
Causam comoção e melancolia


Os arbustos são invadidos por larvas
Aquelas taturanas verdinhas ou vermelhas
Que a gente evita muito encostar
Pois queimam muito, alguns venenos até dão febre...


Outras vezes me vejo em antros de jovens
À procura de sexo e rock’n roll
E uma massa insólita de homens iguais tenta
                                     [carregar as convenções do mundo
Sorte que como querem demais nos pegar
A resistência há de ser fofa, carinhosa e cabeluda
Estamos meticulosamente rasgando a seda
caido nas graças do prazer à desordem


se fores aos jardins
Verão seus arbustos que não estão floridos
Repleto de mordidas das malditas larvas
A gente compra veneno e tenta acabar com elas
E por mais que sejamos mais poderosos
Tenhamos armas esmagadoras
Elas são pequenas e numerosas demais para serem exterminadas


Mas é difícil demais avançar
Batalhões de jovens vistosas maquiadas e perfumadas
Saem de casa toda a sexta e sábado à noite
Batalhões de homens com seus braços fortes e carros roncosos
E a madrugada, a virgem santíssima madrugada de todos os dias
É irrompida por um escarcéu de pecado sistemático
O próprio pecado da vida
A cumplicidade


Daí um tempo depois aquelas larvas somem
Elas destruíram em parte as folhas do arbusto
E foram engordando e engordando
Você as procura e não encontra
Quando se dá por si
Aqueles arbustos quase destruídos florescem todos
Cerca de 2 a 3 dias depois as borboletas chegam coloridas e magníficas
Você sacou de onde elas vieram
É a primavera que foi se construindo do asqueroso e da destruição!

                                                                                                                  Vinicius Tobias

Eu sou seu João sujo
E você também

Sou a mina malavrada
Também você

Risonho roedor entre ratos
dentes no ventre dos fatos

Daqueles que são puxados
Pela gravidade do ar (pesado)

exalando pelos poros da Cidade
cheia de nós, mas de olhos fechados.


Como vermes urubus ou moscas
Para planar devorar pousar sopas


Ler a linha de podridão inscrita
Na trilha de todas as mãos


O mundo imundo. O poço do fundo.
O eco do oco dentro de tudo.


Somos o Não.
O prazer é nosso.

                                                                                   igor alves

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