Raro, seu olhar castanho escuro
Sobre o muro que corta a cidade.
Cinza, cor do tempo, neste lugar
vazio de poesia, flores, árvores.
Tudo mudo, e você aqui observando
O silêncio contínuo
Que insiste em mostrar
Nada além do tempo
Que passa sem nada
No seu devido lugar
* * *
Meu pai engraxou os sapatos.
Um hábito antigo que aprendeu
No passado. Pegou seu casaco
E foi para o trabalho, onde era
Um operário. Trabalhava
O dia todo; levava a marmita,
E o café. Minha mãe cuidava
Da casa, e dos meus irmãos.
O seu salário quase não supria
As necessidades da casa.
Mas fazia o que podia, para
Garantir o sustento. E a sua maior
Virtude era a poesia, que fazia
Nas raras horas vagas. Dizia que
Tudo é uma questão de tempo e
Paciência. E o sorriso já amarelo,
Acalentava a todos, que via sua
Fibra, no corpo franzino, boca de menino, e a coragem de um leão.
Tassio Ribeiro
Parabéns ao poeta Tassio Ribeiro que
ResponderExcluirSabe usar as palavras com sabedoria
eita que beleza! Ajuda muito a gente a suportar o insuportável ! Obrigada !
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